terça-feira, agosto 14, 2007

Prima do Basílio

Coisas bizarras acontecem com qualquer um, mas bizarrice deveria ter limite.

Sr e Sra Surdo resolvem em pleno sábado a tarde ir ao cinema ver Primo Basílio no Pier 21. Tudo normal, não fosse a idéia de levar também um vinho, coisa apreciada por ambos e que não é habitual na sala escura, acostumada a receber cinéfilos munidos de pipoca e refrigerante. Mas tudo bem, o vinho justificaria um prolongamento da tarde em algum motel das imediações.

Viñas Del Mar, chileno, safra 2005, abridor de garras de cabo plástico do mais barato e uma taça, própria para vinhos, também da mais barata, coisas que o improviso explica, comprados em um Carrefour Bairro próximo.
No estacionamento Sr. Surdo abriu o vinho, que pela precariedade do abridor, deixou uma pequena parte da rolha cair dentro da garrafa. Ingresso na mão, a bem escolhida última poltrona do último lado da sala os deixariam mais a vontade. A taça não cabia no suporte que é próprio para latinhas de refrigerante. Sem problemas, era só deixá-la no chão mesmo, ao lado da garrafa de vinho.

Filme vai, filme vem, muito bom por sinal, destaque para o personagem de Glória Pires, quando entre uma bebericada e outra na taça, finalmente o Sr Surdo sente entre os dentes algo sólido que rapidamente foi tirado da boca. Era a rolha, concluiu. Continuaram a se deliciar com o vinho na sala escura até que já no final do filme novamente a rolha belisca os lábios do Sr Surdo.

- Peraí? Não havia caído apenas um pedaço na garrafa??
Tudo bem, devo estar enganado. Pensou. Na dúvida ele coloca a taça frente à tela retangular para que a claridade expusesse que danada de rolha era aquela.

Eis a descrição da rolha:
Tinha mais ou menos uns três centímetros de comprimento, pelo menos umas oito perninhas, duas antenas e, diferentemente de quando foi aberta ainda no estacionamento do Shopping, era marrom.

- Que foi amor, que está olhando para a taça?
- Nada não amor, é somente a rolha.
- É só a rolha mesmo amor? Retrucou desconfiada.
- Não amor, é um inseto.
- Serio?? Argh que nojo, deixa eu ver.
- Não amor, melhor não...
- Argh duas vezes, não me diga que é uma.. uma .. uma barata!!!

O silêncio e a cara de nojo do Sr. Surdo revelou a resposta e no exato momento em que a Sra Luiza morria no filme, ouviu-se no cinema um grito fino, aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhh. Devem ter pensado que era por piedade da pobre Luiza. Não era não.

Já no banheiro, o Sr. Surdo descobriu que o pedaço de rolha permanecia boiando no que restava de vinho, ao lado de outro inseto. Se já estava dentro da garrafa ou se entrou durante o filme ele nem quis saber, preferiu
jogar tudo fora, lavar bem a boca e dar por encerrada a romântica tarde de sábado. Deveria ter levado refrigerante e pipoca mesmo.

1 Comments:

At quarta-feira, agosto 15, 2007 8:43:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Vinho "barato" é assim mesmo... sacou??? "Barato"!!! Tá... a piada foi péssima... mas serve para mandar um alow... hehehehehe

 

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